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Peste negra de volta? O que saber sobre os riscos da doença que teve caso registrado no EUA

  • bitencourtludy
  • 26 de ago.
  • 3 min de leitura
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Pulga infectada com a bactéria da peste — Foto: CDC


Autoridades de saúde na região da Sierra Nevada, na Califórnia, nos Estados Unidos, anunciaram nesta semana que um morador local testou positivo para a peste — uma infecção bacteriana extremamente rara, geralmente transmitida por picadas de pulgas.


O caso está sob investigação, mas os oficiais acreditam que a pessoa, que agora se recupera em casa, pode ter sido picada enquanto acampava na cidade de South Lake Tahoe. A peste pode ser tratada com antibióticos se diagnosticada cedo, mas, caso contrário, pode se tornar muito grave.


A peste ainda existe?

Existe. A maioria das pessoas associa a doença à chamada peste negra, uma pandemia medieval que pode ter matado dezenas de milhões de pessoas na Europa. Mas a bactéria da peste sobreviveu ao longo dos séculos, circulando entre certos roedores e pulgas que funcionam como reservatórios de longo prazo — o que a torna praticamente impossível de erradicar.


Especialistas acreditam que a peste foi introduzida nos Estados Unidos em 1900, quando navios a vapor infestados de ratos atracaram em cidades portuárias. A doença se espalhou periodicamente em áreas urbanas em rápido crescimento e com grande presença de ratos — como Los Angeles nos anos 1920. Hoje, os casos são raros e ocorrem principalmente em áreas rurais, onde as pessoas tendem a interagir com roedores selvagens.


Como a peste se espalha e causa doença?

A peste é causada por uma bactéria chamada Yersinia pestis. Humanos podem ser infectados ao serem picados por pulgas carregadas por esquilos, tatus, furões e outros animais. Também é possível contrair a doença ao manipular tecidos ou fluidos de animais — por exemplo, ao esfolar uma carcaça após a caça. Animais de estimação, especialmente gatos, também são suscetíveis quando brincam ou caçam roedores doentes.


Existem três tipos principais de peste, explica Edward Jones-Lopez, especialista em doenças infecciosas da Keck Medicine, da Universidade do Sul da Califórnia. O mais comum é a bubônica, em que a bactéria se multiplica nos gânglios linfáticos próximos à picada da pulga e desencadeia uma resposta inflamatória. A peste septicêmica ocorre quando a infecção se espalha pela corrente sanguínea. Já a peste pneumônica corresponde à infecção nos pulmões.


A transmissão entre pessoas não acontece, exceto na forma pneumônica, quando o paciente pode espalhar gotículas infectadas ao tossir ou espirrar. A transmissão de pessoa para pessoa não é documentada nos Estados Unidos há mais de um século, embora já tenham ocorrido casos de peste pneumônica em donos de animais ou veterinários expostos a gatos infectados.


Quais são os sintomas e o tratamento?

Em até duas semanas após a exposição, os pacientes geralmente apresentam febre, náusea, fraqueza e inchaço dos gânglios linfáticos. Se houver suspeita de infecção, médicos coletam amostra de sangue ou de um linfonodo inchado para análise laboratorial.


O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA recomenda que o tratamento com antibióticos seja iniciado imediatamente, mesmo antes da confirmação dos exames. Isso porque a peste não tratada se torna extremamente perigosa. No mês passado, um homem no Arizona morreu em decorrência da doença.


Devo me preocupar?

Nos Estados Unidos, a peste continua sendo extremamente rara. Em média, apenas sete pessoas são infectadas por ano, de acordo com o CDC. A imensa maioria dos casos ocorre em estados do Oeste, como Arizona, Califórnia e Novo México. (O Brasil não registra casos humanos de peste desde ano de 2005, segundo o Ministério da Saúde. O último caso ocorreu no estado do Ceará, no município de Pedra Branca).


Autoridades do condado de El Dorado, que inclui South Lake Tahoe, afirmaram não registrar casos na região desde 2020. O Departamento de Saúde Pública da Califórnia, que mantém vigilância contínua da peste em roedores, detectou a bactéria em apenas 45 esquilos e tâmias desde 2021 — todos na região da Bacia de Tahoe.


— O risco é incrivelmente baixo — afirma Jones-Lopez. — Se você vive neste país, tem muito mais chance de enfrentar uma longa lista de outras coisas, doenças como o sarampo.


Como posso evitar o contágio?

Autoridades de saúde recomendam que pessoas que acampam ou fazem trilhas em áreas com roedores selvagens tenham cautela: nunca tocar ou alimentar esses animais e manter os pets na coleira para evitar que se aproximem de tocas.


Evitar picadas de pulgas também é essencial. A orientação é usar calças compridas presas dentro das botas e aplicar repelente com DEET nas meias. Produtos de controle de pulgas para animais de estimação também são recomendados — tanto para proteger o animal quanto seu dono.



FONTE: www.oglobo.globo.com

 
 
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